Bahia registra salto no ‘gato’ de energia que abasteceria 6 milhões de casas
O volume de energia recuperada demonstra o impacto da prática criminosa: 375 milhões de kWh foram recuperados nos nove primeiros meses de 2025
A Bahia vive um avanço expressivo no furto de energia elétrica em 2025. De janeiro a setembro, a Neoenergia Coelba identificou 97 mil ligações clandestinas em todo o estado, o que representa um salto de 15% em relação ao mesmo período do ano passado, quando 84,6 mil fraudes haviam sido encontradas. O ritmo das operações impressiona: 359 irregularidades são removidas por dia, em média, pelas equipes da distribuidora, revelando a dimensão de um problema que afeta desde capitais densamente povoadas até regiões do agronegócio no interior.
O volume de energia recuperada demonstra o impacto da prática criminosa: 375 milhões de kWh foram recuperados nos nove primeiros meses de 2025, quantidade suficiente para abastecer 6 milhões de residências por 15 dias. Os dados confirmam uma tendência já observada em levantamentos setoriais: embora a capital concentre um grande número de ligações irregulares, é no interior onde as perdas energéticas são mais significativas.
Entre os municípios com maior número de fraudes removidas, Salvador aparece na liderança, com 11.834 casos. Na sequência vêm Feira de Santana (8.374), Camaçari (4.108), Lauro de Freitas (2.809) e Paulo Afonso (1.522). Já quando se analisa a energia recuperada, o mapa muda: Barreiras (27 milhões kWh), Juazeiro (26 milhões kWh) e Eunápolis (21 milhões kWh) assumem o topo da lista, seguidos por Salvador (9,6 milhões kWh) e Feira de Santana (6,3 milhões kWh).
A diferença entre quantidade de fraudes e volume de energia desviada tem explicação, como destaca o gerente de Gestão da Receita da Neoenergia Coelba, Madson Melo. Segundo ele, nas áreas urbanas mais densas os “gatos” normalmente abastecem residências e pequenos comércios, o que reduz o volume total de energia perdida. No interior, porém, irregularidades costumam estar ligadas a equipamentos de irrigação, indústrias e fábricas, estruturas que consomem muito mais energia. “Isso acarreta um maior desvio de carga”, afirma.
O levantamento mostra ainda que a prática ocorre em diversos setores. Somente em setembro, foram 11.406 fraudes removidas, das quais 1,2 mil em comércios, 57 em indústrias e 627 em propriedades agrícolas. No acumulado do ano, já são 11 mil estabelecimentos comerciais, 500 indústrias e 5,5 mil áreas rurais flagradas com ligações clandestinas, números que reforçam a capilaridade do problema.
Prejuízos gerados pela prática
Além dos riscos operacionais e de segurança, o furto de energia traz prejuízos diretos à qualidade do fornecimento. As redes são projetadas para suportar uma carga definida, e as ligações clandestinas sobrecarregam cabos, transformadores e equipamentos, podendo provocar interrupções em ruas, bairros inteiros e até cidades. Há ainda o risco de morte: muitas ligações irregulares deixam cabos expostos e energizados, feitos por pessoas sem qualquer habilitação técnica.
A Coelba reforça que os responsáveis pelos desvios são obrigados a pagar pelo consumo não registrado, acrescido de multa e juros, além de responderem a inquérito policial. Pelo Código Penal Brasileiro, o furto de energia é crime previsto no artigo 155, com pena que pode chegar a oito anos de reclusão. Para reduzir os impactos à rede e ampliar o combate às fraudes, a contribuição da população é considerada essencial.
As denúncias podem ser feitas anonimamente, pelo telefone 116 ou no site da Neoenergia Coelba. “O apoio da comunidade é fundamental para enfrentar o furto de energia e garantir um fornecimento seguro e de qualidade para todos”, reforça a distribuidora.
Fonte: Tribuna da Bahia
