O rombo histórico das estatais em menos de 3 anos de governo Lula
Escolha de investimentos, aumento de gastos e uso político indevido são alguns dos motivos do déficit recorde das estatais federais na terceira passagem de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pelo Palácio do Planalto, segundo especialistas ouvidos pelo CNN Money.
Sob o Lula 3, as empresas federais acumularam um déficit primário de R$ 18,5 bilhões — excluindo Petrobras e bancos públicos —, mostram dados do BC (Banco Central). Esse é o maior déficit registrado para o período em toda a série histórica.
O pedido de socorro dos Correios na última semana, incluindo um empréstimo de R$ 20 bilhões e um plano de reestruturação, deu novo fôlego ao debate sobre como as estatais estão sendo geridas, e como esse cenário pode ameaçar as contas públicas.
Para a economista Elena Landau, que atuou como ex-diretora de privatizações do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), os resultados contam com uma raiz mais profunda, que escapa do panorama macroeconômico.
O impacto maior surgiria de uma “filosofia” de que a estatal é um instrumento político, e não uma empresa, pela quantidade de cargos comissionados por indicações internas.
“Os Correios são um caso impressionante. Um estudo de caso, tamanho o descalabro que aconteceu”, opina a economista. “São escolhas da administração, de gastar em propaganda, de gastar em pessoal, de gastar fazendo obras que não lhe dizem respeito”.
Landau descarta questões externas. A opinião, contudo, não é unânime.
Para o economista-chefe da Lev Asset Management, Jason Vieira, há fatores estruturais que auxiliam na queda brusca das contas das empresas públicas, como o aumento de gastos movido pela inflação e custos de insumos e de energia.
Além disso, há a chamada de “inércia regulatória” de algumas estatais, como os Correios, que necessitam constantemente de subsídios do governo.
“São empresas que muitas vezes tem baixa competitividade e depende de uma receita não recorrente. Quando a gente fala agora da questão não estrutural, mais conjuntural, a gente pode falar que tem uma grande gerência política nas suas estatais, que tem uma série de nomeações sem qualificação, especialmente em termos de conselho“, acrescenta.
Fonte: CNN Money