Jair Ventura destaca desafios e missão de recuperar o Vitória: “Temos que retomar a confiança”
Apresentado oficialmente como novo treinador do Vitória nesta quinta-feira (25), Jair Ventura falou com franqueza sobre os desafios que encontrará no clube e assumiu a responsabilidade de conduzir o time na luta contra o rebaixamento no Campeonato Brasileiro. Em sua primeira entrevista, o técnico fez questão de evitar o rótulo de “salvador da pátria”, dividindo o peso da missão com os jogadores e destacando a necessidade urgente de resgatar a confiança do grupo.
“Tenho totais condições, senão eu não viria. Eu acredito, por isso estou aqui. Mas não sou salvador da pátria. Os protagonistas são os atletas. Somos uma pequena peça dentro dessa máquina chamada Vitória”, afirmou Jair, já alinhando o discurso à ideia de trabalho coletivo.
Com o Vitória envolvido na zona de rebaixamento desde o início da competição, Jair reconhece o cenário delicado e vê a sequência de trocas no comando técnico como um fator que dificulta ainda mais a recuperação. Ele será o quarto treinador do clube em apenas 24 rodadas.
“Quando acontecem muitas mudanças, o jogador fica sem saber o que fazer. Que a gente não passe muita informação e acabe congelando a cabeça dos atletas. Temos que ser objetivos. Vamos ter uma parada na frente que vai dar um tempo maior para trabalhar”, ponderou o treinador, referindo-se à pausa para a Data Fifa em outubro.
Conhecido por trabalhos de recuperação em clubes como Botafogo, Sport, Goiás e Juventude, Jair Ventura se apoia na própria trajetória para inspirar o elenco rubro-negro. Ele relembrou a virada histórica com o Botafogo em 2016, quando o time saiu da zona de rebaixamento no segundo turno e garantiu vaga na Libertadores.
“Já vivi momento mais difícil. Fui efetivado com o Botafogo na zona. Deram como certo o rebaixamento. E a gente fez um feito inédito. Acreditar fez toda a diferença”, destacou. “Cada trabalho tem sua particularidade. No Juventude, por exemplo, só tive 11 jogos. Empatamos os dois primeiros e depois arrancamos. Quando aceito um desafio, é porque acredito.”
Jair evitou apontar publicamente problemas ou falhas do elenco. Para ele, a postura correta neste momento é trabalhar internamente e respeitar os profissionais que o antecederam.
“Seria pouco inteligente chegar aqui e mostrar pontos fracos. Não vamos caçar vilões ou setores. Vamos trabalhar para melhorar como um todo. Seria incoerente criticar os jogos passados ou o trabalho dos outros treinadores. Não gostaria que fizessem isso comigo”, afirmou com firmeza.
Apesar de ter treinado recentemente clubes da Série B (Goiás e Avaí), o técnico garantiu estar atualizado em relação ao cenário da elite do futebol brasileiro e ao grupo que encontrará no Barradão. “Assisto aos jogos o dia inteiro. Tenho sete trabalhos em Série A. Estou adaptadíssimo para essa função”, garantiu.
A estreia de Jair à frente do Vitória será em uma sequência decisiva antes da Data Fifa de outubro. O time enfrenta o Grêmio fora de casa, o Ceará no Barradão e depois o Vasco novamente como visitante.
O treinador também comentou a rápida negociação com o clube e revelou que estudou o elenco antes de aceitar o convite. “As conversas foram rápidas. Quando me ligaram, fui estudar o grupo. Se não tivermos ferramentas, não dá para fazer um bom trabalho. Acredito na força desse elenco”, pontuou.
Jair reencontrará no Vitória jogadores com quem já trabalhou, como Lucas Halter, Zé Marcos e Baralhas, este último elogiado pelo treinador. “O Baralhas eu chamo de volante artilheiro. Tivemos feitos inéditos juntos, como o acesso de 2023, o título de 2024 e 15 vitórias seguidas no Atlético-GO. Me ajudou muito.”
Sobre o uso de atletas da base, Jair mostrou-se favorável, desde que estejam prontos para a exigência da Série A. “Disputei uma Libertadores com Matheus Fernandes, de 17 anos. No Santos, usamos Rodrygo com 16. No Sport, lançamos o Juba. A questão é o momento. Vai ter jogo que o jovem entra e outro que nem é relacionado. Vai muito do jogo”, explicou.
Em seu discurso de estreia, Jair Ventura deixou claro que o Vitória precisa reencontrar sua identidade e voltar a acreditar. “Temos que retomar a confiança, botar identidade o quanto antes. Não dá para vencer sem acreditar. É isso que vamos buscar.”
Com uma trajetória marcada por desafios parecidos, o treinador chega ao Barradão com uma missão difícil — mas, segundo ele mesmo, possível.
Por Redação Galáticos Online