UE convida China a dialogar sobre comércio, mas deixa aviso
A União Europeia (UE) voltou a alertar hoje (24) que a relação comercial com a China permanece “gravemente desequilibrada” e avisou que poderá adotar “medidas proporcionais” para proteger seus interesses caso não haja avanços concretos.
“A UE e a China são parceiros comerciais importantes, mas o atual desequilíbrio é grave, com um déficit comercial que já chega a 305 bilhões de euros”, afirmou a Comissão Europeia em nota oficial, após as reuniões da presidente Ursula von der Leyen com o presidente chinês, Xi Jinping, e o primeiro-ministro, Li Qiang.
Bruxelas expressou preocupação com “distorções sistêmicas persistentes” e com a “supercapacidade industrial” chinesa, que estariam agravando as desigualdades no acesso ao mercado.
O bloco europeu voltou a cobrar avanços em pautas comerciais antigas e ressaltou que os investimentos chineses na Europa podem trazer benefícios como ganho de competitividade, inovação tecnológica e geração de empregos qualificados — desde que haja reciprocidade.
“A UE continua disposta a manter um diálogo construtivo em busca de soluções negociadas. Mas, se isso não acontecer, adotará medidas proporcionais, em conformidade com o direito internacional, para proteger seus interesses legítimos”, alertou a Comissão Europeia.
O órgão também pediu que Pequim facilite o acesso de empresas europeias ao mercado chinês, especialmente em setores estratégicos como carnes, cosméticos e produtos farmacêuticos.
A UE exigiu ainda o fim das “represálias” contra exportações europeias de conhaque, carne suína e produtos lácteos, além do levantamento das restrições à exportação de terras raras, que impactam diretamente setores industriais estratégicos do continente.
A Comissão Europeia destacou a necessidade de reciprocidade na área digital e alertou que as empresas europeias enfrentam barreiras significativas para operar na China. Também manifestou preocupação com a falta de clareza nas regras chinesas sobre segurança de dados e fluxos transfronteiriços, além de denunciar “atividades cibernéticas maliciosas” atribuídas à China.
Acompanhada pelo presidente do Conselho Europeu, António Costa, Von der Leyen disse a Xi Jinping, durante a visita a Pequim, que os desequilíbrios na relação bilateral têm se intensificado, mesmo com o aprofundamento da cooperação entre as partes.
Xi respondeu afirmando que os laços entre China e União Europeia devem “trazer mais estabilidade e segurança para o mundo” e defendeu o “respeito mútuo” e a busca por “pontos em comum, respeitando as diferenças”.
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